ALFABETIZAÇÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA VISUAL
O processo de educação para crianças cegas ocorre da mesma maneira como para a criança vidente. Suas principais diferenças estão na forma de percepção que possuem em relação às letras e números. A criança vidente pode ter contato com o mundo das letras através de fatores visuais enquanto que o aluno cego “vê”ou percebe as letras através do tato como no uso do sistema Braille. Os objetivos são os mesmos no entanto, os caminhos utilizados são diferentes.
A alfabetização convencional de crianças cegas é feita através do aprendizado do método Braille. Este método permite que uma pessoa cega seja capaz de ler e escrever textos utilizando apenas os dedos, através de um código de 6 pontos inventado no século passado por Louis Braille. O processo de alfabetização visa, obviamente, o treinamento da leitura com os dedos, e a produção manual de textos em Braille, através de uma prancheta com ranhuras (reglete) sobre a qual se adapta uma régua com orifícios retangulares que servem como guia para que se produzam as 6 marcas com uma ponta de aço adaptada para manipulação conhecida como punção.
Os alunos cegos precisam desde pequenos viver em ambientes ricos em estimulação para que possa desenvolver as habilidades de:
· Perceber, reconhecer, identificar, discriminar e localizar a gama variada de sons existentes;
· Reconhecer, por meio de jogos; palavras começadas e terminadas pelo mesmo som;
· Discriminar a identidade de sons em palavras que contenham rimas; De forma prática Garcia et al (2001) ainda reforçam que a forma como o professor precisa desenvolver a estimulação da criança cega durante as aulas deve atender os seguintes aspectos:
· Explorar o maior volume possível de objetos
· Identificação de tais objetos
· Classificação quanto a forma, tamanho, textura;
Estabelecer diferenças entre:
· Semelhança, diferença equivalência
· Largura ( largo- estreito)
· Posição (em cima – embaixo- entre linhas vertical/ horizontal;
· Textura ( áspero/liso)
· Distância longe/perto
· Comprimento( longo- médio- curto)
· Noção de conteúdo (cheio/ vazio)
Compreendendo a organização da página escrita:
· Leitura da esquerda para a direita, deslizando a ponta dos dedos sobre a linha;
· Linhas dispostas no papel de cima para baixo
· Linhas com começo e fim;
· Linhas completas
· Linhas com espaços vazios
· Linhas de tamanhos variados, pontilhados,
· Oferecer um modelo e pedir que a criança identifique na linha traçada ou pontilhada.
· Trabalhar os movimentos corretos das mãos no ato da leitura;
· Conduzir a criança a estar com o dedo em permanente movimento;
· Ler por meio de movimentos, contínuos, portanto as pausas minímas;
· Ler letra por letra
· Evitar movimentos desnecessários; de cima para baixo, de baixo para cima, regressivos.
A leitura, sendo um processo necessário no campo educacional o professor precisa escolher um método de aprendizado. Pode ser o sintético ou analítico.
Borges (2004, p 29 ) ressalta que o método sintético :
a) alfabético: ao aluno aprende as letras isoladamente, liga as consoantes às
vogais, formando sílabas, reúne as sílabas para formar as palavras e chega ao todo (texto);
b) fonético ou fônico: o aluno parte do som das letras, unindo o som da
consoante ao da vogal, pronunciando a sílaba formada;
c) silábico: o aluno parte das sílabas para formar palavras.
O método analítico :
a) palavração: nesse método o ponto de partida é a palavra. Os vocábulos são apresentados em seqüência e as dificuldades são sistematizadas. Somente depois de apresentados um determinado número de palavras, é que são formadas as frases.
b) Setenciação: esse método inicia-se pela frase, depois a divide em palavras, em seguidas são separadas as sílabas.
c) Conto e histórias (global): esse método é composto por várias unidades de leituras que apresentam começo meio e fim. Em cada unidade, as frases são ligadas pelo sentido de formar um enredo, havendo uma preocupação quanto ao conteúdo que deverá ser do interesse da criança.
Fonte: KRIK,Lucicléia e ZYCH, Anizia Costa. Alfabetização do educando cego: um estudo de caso. 2009
Bibliografias citadas:
BORGES, Sandra Aparecida Ribeiro. O deficiente visual e o processo ensino-aprendizagem. Monografia de especialização. Universidade Estadual do Centro Oeste: Guarapuava, 2004.
GARCIA, Marilda; MORAES, Bruno; MOTA, Maria da Glória Batista da. Programa de
capacitação de recursos humanos do Ensino Vol. 1 Ministério da Educação: Brasília, 2001.lei 5.692/71